Política

Cidadão de bem? Análise do trágico-cômico termo

O termo cidadão de bem, é tão trágico quanto cômico. O significado, chulo e simplório, que o termo carrega por si apenas basta. O cidadão de bem nunca esteve tão bem desacostumado em estar no mundo.

Resultado de um processo psíquico-social-político baseado no medo e invenções, o espécime cidadão de bem definha tão bem quanto a armadura de gelo que Jair Messias Bolsonaro carregava durante o seu mandato (estúpido) enquanto presidente. Atualmente, ele é o Ex-Presidente do Brasil, como a história provou ser fato.

O horror ocorrido em Brasília no dia de ontem, 08/01/2023, nada mais é do que a soma de muitos adultos imersos em uma realidade outra que não a atual. Acreditando que a voz do povo emana o poder, estes discípulos de Judas esquecem que a categoria povo não é constituída apenas por eles, tampouco é constituída apenas pelos outros.

A categoria povo é a somatória do eles e dos outros. No entanto, os outros não estão com eles. Logo, eles dizem por si e para si mesmos, porque quanto mais você repetir uma coisa, mais estatuto de realidade aquilo toma.

Forma e conteúdo não são a mesma coisa. Para ser realidade, não basta apenas a forma, tampouco conteúdo. A realidade é a constituição dos dois. É um dual que gera o uno. Em outras palavras: Forma e conteúdo são, assim, intimamente conectados, inseparáveis.

Como crianças que não conseguem o que querem, os boçais escolhem gritar em tom universalizante e irredutível qualquer coisa que retire a democracia de seu lugar, incluindo, o regime militar. Na vazia cabeça dos tolos, a força substitui a troca entre tese e antítese, tão digna da política.

O que assusta não é o ato terrorista deixado pelos fiéis seguidores de Bolsonaro e sua turma, o que gera angústia é que, diante de um fato democrático, político, real e livre, escolhe-se a violência sem a troca de algo. Não existem justificativas para o que ocorreu em Brasília e se existissem, elas não valeriam. O estado de terror que estes fiéis patetas assumiram, nada mais é do que o grito agonizante de uma pessoa que está desacelerando o processo.

Na lógica da democracia, é permitido ficar indignado com os resultados do jogo democrático. Ou seja, um grupo de cidadãos pode deixar a sua infelicidade diante de algum acontecimento. No entanto, o que restou do ocorrido de ontem, que é histórico por natureza, é o fato de que o bolsonarismo tem raízes mais profundas e de que a política brasileira não se recuperou do golpe militar que sofreu no século passado.

A verdade, por mais inconsistente que ela seja, não é outra: eles adoram fazer o que fizeram, eles gostam de saber que ficaram para a história e, tendo o poder do Estado (alguns policiais foram coniventes com o ato terrorista) do seu lado, eles entendem que podem fazer o que bem quiserem.

Se a diversidade de pensamentos é tão importante para a manutenção da vida política do mundo, é sine qua non que a política repreenda atos como os de domingo, porque eles são anti-políticos. Ou seja, aquilo que ocorreu não reside em um conteúdo político.

Acreditamos que a melhor via da diversidade é a abertura ao outro, quando isso não existe, não é possível estabelecer um campo comum.

O cidadão de bem, só é de bem quando o mundo prova aquilo que ele próprio acredita. Vivem em uma outra realidade onde os fatos só fazem sentido para eles, onde o diferente não existe e onde seus objetivos são mais urgentes que o resto do mundo.

A pobre e tola categoria “cidadão de bem” é expressa de forma singular por José Fernando Andrade Costa, em seu artigo: “Quem é o “cidadão de bem”?”:

A figura do chamado “cidadão de bem” constitui um tipo de estratégia discursiva ideológica e expressa uma patologia social da cidadania brasileira. A contradição fundamental do “cidadão de bem” não é em relação à figura do “bandido” ou “vagabundo”, mas ao próprio ideal de universalização da cidadania. Enquanto expressão da ideologia, o “cidadão de bem” se revela um verdadeiro anti cidadão e, portanto, um risco para a democracia.

O que você achou do ocorrido de domingo? Conte aqui nos comentários. Lembre-se: Diversidade Importa.

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