O mês de janeiro é um mês voltado para a conscientização da luta e causas de pessoas transgênero e travestis. Neste mês, escolhemos soltar uma série de artigos voltados para a reflexão em torno dessa população e de suas subjetividades. A luta de pessoas trans e travestis é uma batalha que precisa ser travada por toda a sociedade brasileira.
Para instigar ainda mais a reflexão e conscientização sobre esses corpos, trazemos hoje a indicação de um documentário que se apresenta como necessário para qualquer pessoa. O documentário “Fabiana” foi lançado em 2018 e a sua genialidade reside em ser uma obra atemporal.
Um pouco sobre o documentário:
O documentário é brasileiro e foi produzido e roteirizado por Brunna Laboissière. O longa-metragem retrata a vida de Fabiana Camila Ferreira, mulher trans, lésbica e caminhoneira, na sua última viagem, antes de se aposentar, após 30 anos de estrada. O filme estreou no dia 10 de junho de 2018 no Olhar de Cinema, Curitiba International Film Festival. Tendo sido selecionado para diversos festivais nacionais e internacionais, dentre eles o Festival de Rotterdam em 2019 (Bright Future Competition), IndieLisboa em Portugal, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e para o 51º Festival de Brasília.
Assista ao trailer por este player:
Disponível em plataformas de aluguel de filmes, como o NOW, Vivo Play e o iTunes, Fabiana é o tipo de documentário que ultrapassa a descrição narrativa da categoria de gênero. A subjetividade por trás da obra garante ao espectador formular questionamentos que, ou a obra não está interessada em responder, ou que somente o imaginário humano consegue produzir respostas.
Fabiana é caminhoneira, lésbica e mulher trans. A sua vida toda, ela vive no limite entre o céu e a água. Na rodovia de piche ou nas estradas de terra, Fabiana existe e habita na concretude do mundo. O dilema entre alçar voos e mergulhar nas profundezas persiste e não resiste, porque conforme vamos acompanhando o documentário de sua última entrega de caminhão, Fabiana transcende estes dois planos. Na verdade, Fabiana transcende os três planos: terra, ar e água. Ou seja, Fabiana ultrapassa as amarras do real, a escuridão e as contradições do imaginário.
Falar de Fabiana, seja a motorista, seja o documentário requer cuidado e manuseio dos adjetivos. Não é apenas belo, tampouco é meramente maravilhoso. Este é o tipo de produção que a Língua Humana simplesmente não consegue resumir em palavras.
Fabiana é o que é e ao mesmo tempo é tudo aquilo que não poderia ser. Mas ela é.
A fotografia é impecável. Mas, os créditos para a diretora Bruna aparecem porque ela se torna parte da história, Bruna é a confidente de Fabiana e numa espécie de registros-guardados-divulgados, ela constrói o enredo para mergulhar em uma cena final de tirar o fôlego.
A indicação é mais que necessária. Você já assistiu? Comente aqui! Vamos adorar saber a sua opinião! Lembre-se: Diversidade Importa!
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