Conceição Evaristo sentada sorrindo com a mão no rosto
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Conceição Evaristo: Dois livros para ter na cabeceira

Conceição Evaristo é uma linguista e escritora brasileira. Atualmente, ela é aposentada, mas teve uma carreira rica no mundo acadêmico como professora. É uma das mais influentes literatas do movimento pós-modernista no Brasil, escrevendo nos gêneros da poesia, romance, conto e ensaio.

Para trazer um pouco da autora e seus trabalhos, separamos dois livros que são cruciais para compreender o Brasil atual e o passado. Esperamos que estes livros se tornem, assim como muitos outros, seus livros de cabeceira. 

Um breve retrato de Conceição Evaristo:

Mineira, graduada em Letras pela UFRJ, ela trabalhou como professora da rede pública de ensino. É Mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro, com a dissertação Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade (1996), e Doutora em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense, com a tese Poemas malungos, cânticos irmãos (2011).

Participante ativa dos movimentos de valorização da cultura negra em nosso país, estreou na literatura em 1990, quando passou a publicar seus contos e poemas na série Cadernos Negros. Escritora versátil, cultiva a poesia, a ficção e o ensaio. A escritora participa de publicações na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Seus contos vêm sendo estudados em universidades brasileiras e do exterior.

Dados retirados deste site.

Homenageada como Personalidade Literária do Ano pelo Prêmio Jabuti 2019 e vencedora do Prêmio Jabuti 2015, a autora também já foi homenageada pela Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), ocorrida no Recôncavo da Bahia, em 2018.

Em um episódio do programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura, a escritora comentou sobre a candidatura à Academia Brasileira de Letras. Na oportunidade, Evaristo se candidatou para uma cadeira na ABL, para desafiar a representatividade de pessoas negras no comitê. Ela diz:

“Com todo respeito que eu tenho à Academia, mas ela tem que tomar cuidado, porque senão perde o bonde da história. Eu tenho uma resposta [sobre se candidatar novamente] fechada sobre isso, eu acho que como da primeira vez, a Academia não aceitaria minha a minha candidatura. Eu prefiro pensar que outras mulheres negras, outros homens negros, sujeitos indígenas, outras representações literárias deveriam se candidatar. O que eu tinha de fazer eu já fiz”.

Conheça dois de seus livros:

Separamos duas obras literárias escritas por Evaristo. Um ponto em comum que encontramos nos dois livros é o fato de que, eles permeiam nossa história brasileira e servem como registros de uma narrativa-memória que ora conta o passado, ora se dá no presente. 

Ponciá Vivêncio

Publicado em 2003, o livro conta a história de Ponciá, uma mulher negra, que mora em uma cidadezinha distante da capital e que, após um episódio, vai para a cidade. Neste ambiente novo, Ponciá incorpora, na dor, o significado de si e do mundo. A história é contada a partir de um narrador onisciente. A história, o tempo e o espaço narrativos constituem elementos centrais para ir de encontro à personagem.

Nesta obra, é a memória o elo entre narração e história. Ponciá é uma personagem que simboliza um histórico de tempo de um povo que vive à margem e que foi tomado como subserviente.

Becos da Memória:

Escrito em meados de 1980, o texto só foi publicado em 2006! Este intervalo de tempo de anos, por si só traduz a complexidade que uma escritora negra tem no Brasil para publicar. Este tempo para publicação evidencia, também, que histórias sobre o povo da favela, não são dignas de serem lidas ou contadas. Felizmente, essa visão de mundo não é verdade!

O livro retrata a história de moradores de uma favela prestes a ser demolida. Na história, somos apresentados a personagens ambiciosos, perigosos, que erram, que acertam, que querem cultivar o amor, que querem cultivar os desejos da carne, que querem se embriagar, que querem festejar a sua fé e que querem viver.

A escrita é direta e objetiva, você é apresentado ao personagem e pode, nas páginas seguintes, enfrentar a dor de perda desta personagem. Entre morte e vida, a história traz aquilo de mais característico do racismo brasileiro: a miséria violenta. 

Conceição Evaristo não entrega ao leitor um enredo “pronto”, linear e consecutivo. É preciso costurar “a colcha de memórias”  que nos chega a partir de uma narrativa descontínua, feita de fragmentos que oscilam entre passado e presente, com os dramas e mazelas de cada um rebuscados nas lembranças da voz narrativa.

O romance questiona, entre muitas coisas, a presença do negro na construção de uma identidade brasileira.

Conceição é uma escritora que deve ser lida e apresentada aos quatro cantos deste país e mundo. Dotada de uma escrita leve e precisa, ler seus livros te transporta para um canto necessário de ser visto. Esperamos que incorporem estes livros em suas estantes. Comente aqui, se você já conhecia Conceição ou os livros. Vai ser ótimo ser o seu comentário aqui.

Lembre-se: diversidade importa.

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